Origem da Alma 

 

Traducionismo

O Traducionismo entende que a Alma humana é formada no bebê por meio dos pais. É a doutrina que fala sobre a hereditariedade da Alma, como que por um processo genético. A Alma assim como o Corpo tem origem nos pais e ocorre no momento da fecundação. Não podemos acreditar que Deus, depois do sexto dia da criação, continue a criar almas no Céu a cada fecundação e nascimento.

Alguns textos sagrados parecem dar apoio a essa linha de pensamento[1]. O salmista Davi, divinamente inspirado, entendia que essa era a forma correta de entendimento[2]:

“Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe”. Sl.51.5.

O Traducionismo defende que a tanto o corpo quanto a alma de todos os seres humanos tiveram sua origem em Adão e se propagam de forma natural. Martinho Lutero acreditava nessa possibilidade, assim como Tertuliano.

Definimos alma humana como nascida do sopro de Deus, imortal, incorpórea, de forma humana… e procedente de um tronco comum: Adão. Tertuliano

Sobre a procedência da Alma, confesso que fui por muito tempo um Criacionista, ou seja, acreditava que Deus criava a alma e no momento da fecundação enviava ao feto. Mas, após muito meditar e estudar passei a entender que o traducionismo parece ser mais coerente e convincente das demais, por sua lógica implícita, como exposto abaixo:

Processo de Formação da Alma humana

A Alma humana origina-se do casal, portanto, por hereditariedade. Então, como se dá esse processo? Essa foi a indagação e o motivo na busca desse entendimento. Principiei meditando sobre Adão, o primeiro homem e sua Alma.

“E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito Alma vivente.”. Gn.2.7

Adão tinha uma Alma evidentemente, pois o texto diz que ele foi feito Alma vivente assim que Deus soprou o fôlego da vida em suas narinas.

A escultura feita por Deus, o boneco de barro, logo após ser esculpido, ainda não tinha vida em si. Deus, então, sopra em suas narinas, o fôlego da Vida! Seu espírito, que é dinâmico, entra no interior do boneco, dando-lhe vida, em seguida o boneco deixa de ser apenas um boneco inanimado e passa a ser um homem com ‘anima’, ou seja, com uma Alma vivente.

Adão não teve pais, logo sua Alma não foi resultado de uma relação sexual, mas é o resultado do sopro divino. O fôlego de Deus, ao entrar no boneco de barro, fez com que ele fosse animado! A partir daquele momento ele deixa de ser um boneco de barro e passa a ser uma alma vivente. Seu corpo ganha vida!

Trazendo essas informações para nossa meditação, surge a pergunta: como isso pode nos ajudar a entender a hereditariedade da Alma humana?

A Alma, se de fato é passada dos pais para os filhos, e parece que sim, ela surge em que momento e como? Sem dúvida alguma essa Alma, que já contém a semente do Pecado Original, tem que passar de um dos pais, ou de ambos, para o feto, e isso ocorre após o ato sexual.

A mulher fornece o óvulo, o homem fornece o espermatozoide, durante o ato de amor. Acontece que o óvulo é estático; passivo, não se move, é movido; enquanto o espermatozoide é dinâmico, se move, pois tem cauda (flagelo) que o impulsiona dentro do aparelho reprodutor feminino.

O óvulo permanece estático, aguardando que o espermatozoide venha em sua direção e o alcance para, então fertiliza-lo.

Busquei, então, o entendimento associando a isso a geração física de Jesus por Maria:

Maria; a mãe de Jesus, nos serve de paradigma para meditação:

Maria, sem José, gera Jesus

“E, respondendo o anjo, disse (à Maria): Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus”. Lc.1.35

Sabemos, pela Escritura, que Jesus nunca pecou, nem mesmo o pecado original de Adão o contaminou, pois como poderia remir pecados se fosse um pecador? Como foi possível Jesus nunca ter pecado, se a Bíblia diz que todos pecaram? Simples, Jesus não herdou o pecado de Adão!

Deus soprou seu fôlego, o Espírito Santo, sobre Maria em seu Óvulo! Chamado pelo texto sagrado de ‘cobertura divina’, com sua sombra, para a fecundação de Jesus sem a contaminação do pecado original.

Isso ajudou muito a amadurecer esse entendimento, pois não houve participação alguma de José, mas teve a participação permissiva e servil de Maria. Portanto, por meio do Espírito Santo, o poder do Altíssimo cobriu com sua sombra a Maria e tão somente o óvulo dela foi suficiente para a geração de Jesus, sem a raiz pecaminosa de Adão, que é passada pelos homens. Pois, Jesus nada tem de Adão, e, por isso, pode ser chamado de ‘Segundo Adão’. Podemos deduzir, então, que o óvulo, emprestado por Maria, não foi contaminado pelo pecado adâmico.

Se buscarmos mais a fundo, talvez encontremos aqui alguma relação e razão do óvulo descartado pelo corpo da mulher, ser banhado em sangue. Analogamente à morte de Jesus na Cruz e seu sangue derramado em solo contaminado pelo pecado[3], assim a pureza do óvulo ao ser descartado tem que sê-lo envolto em sangue. Não é assim com os vegetais ou os animais, com raríssima exceção.

Observe, no versículo acima, que Jesus, antes de ser fecundado, foi chamado Santo. O pecado original não foi passado a Ele. Portanto, podemos acreditar que não está no óvulo a condição hereditária do pecado[4], caso contrário Jesus teria nascido debaixo do pecado original e não poderia ser chamado Santo.

Em assim sendo, o pecado original é passado pelo homem, pois foi ele que pecou. Examinando o texto[5], vamos entender que Eva ao comer o fruto do conhecimento do Bem e do Mal, o fez por ser enganada pela Serpente, mas a Ordem para não comer do fruto, foi dada por Deus diretamente a Adão, pois Eva ainda nem havia sido criada!

“E ordenou o SENHOR Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás. E disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora idônea para ele”. Gn.2.16-18

Ao desobedecer a Deus, Adão, também contaminou toda raça humana. Logo, todos pecaram e destituídos estão da Glória de Deus[6].

A culpa da mulher foi ter dado ouvidos à serpente, e, até por isso Deus colocou inimizade entre ela e a serpente. A consequência do seu pecado, sua maldição, foi gerar filhos com muita dor. Quando a mulher paga por sua desobediência gerando filhos, diz o texto sagrado, que ela cumpriu sua maldição original. Isso é de tal importância que ganha destaque nos escritos de Paulo à Timóteo:

“Salvar-se-á, porém, dando à luz filhos, se permanecer com modéstia na fé, no amor e na santificação”. I Tm.2.15

Aqui, naturalmente, surge uma pergunta: Maria, ao parir Jesus, deu à luz com dor? Lucas[7] diz que ela deu à luz seu filho, primogênito, que significa o primeiro, portanto existiram outros irmãos a posteriori, e envolveu-o em panos. Ao dar à luz, a criança sai do ventre materno envolta pelo líquido amniótico e o próprio sangue materno devido ao esforço. E, deve ser limpo e envolto em pano. Portanto, Jesus nasceu de parto natural e com as mesmas dores de um parto normal.

Maria era uma mulher como qualquer outra, mas agraciada e abençoada por Deus. Ela mesma era filha de Adão, portanto, tinha a raiz adâmica em si. Logo, o parto de Jesus foi com dor como qualquer outro. Jesus não teve privilégio algum como homem.

Jesus tinha que nascer da mulher, para ser o Filho do homem e pisar na cabeça da Serpente, como fora profetizado por Moisés[8].

“E porei inimizade entre ti (serpente) e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente (da mulher); esta (semente da mulher) te ferirá a cabeça, e tu (serpente) lhe ferirás o calcanhar”. Gn.3.15

Observe o detalhe importante: a semente da mulher feriria a cabeça da Serpente e não a semente do homem!

Voltemos nosso raciocínio ao boneco de barro.

O Boneco de Barro

O Boneco de Barro e o sopro divino também nos oferecem excelente material para meditação. O Ovócito[9] ou Óvulo é estático, com potencial para a vida, mas sem vida alguma em si. O que esse ‘bonequinho de barro’, o óvulo, está esperando pacientemente? Por ser passivo, estático, Ele espera passiva e estaticamente por aquele que lhe doará ou desencadeará a vida, nesse caso o espermatozoide.

O bonequinho de barro, Óvulo, aguarda que o fôlego de vida (esperma) chegue a ele! Note que Deus o fez muito esperto, pois o homem produz aproximadamente de 80 e 300 milhões de espermatozoides, mas apenas um deles, o mais saudável e em melhores condições, atingirá o alvo.

Após atingir o óvulo, este se fecha para os demais espermas. O esperma vencedor, então perde sua cauda e ainda inteiro é conduzido mais ao centro do óvulo, quando a membrana plasmática do esperma se desintegra e libera os cromossomos, que junto com os cromossomos do óvulo se misturam formando o zigoto[10], aqui inicia-se a Alma humana, pois é liberada toda informação cromossômica de dentro do esperma e, assim, o zigoto agora começa a se desenvolver e este já com a informação do pecado original.

A partir desse ponto, tudo está pronto e o feto se desenvolverá plenamente. Porém, temos que ter em mente que Adão já nasceu adulto, sua alma já tinha Consciência de Deus e de todo seu entorno. Deus deu a Adão todo conhecimento de que necessitava para a vida. Portanto, sua alma não necessitou de longo período de aprendizado, como acontece com os bebês em nossos dias.

Duas questões: Qual a origem da Alma? E em que a Alma de Adão pode nos ajudar?

Primeiramente, por esse princípio entendemos que a Alma tem origem na junção dos cromossomos do esperma e do óvulo, mas que apenas o esperma traz a informação do pecado original.

Daí, então, podemos entender que a Alma de Adão, a princípio, era pura como de um bebê, mas com conhecimento suficiente para viver e amar a Deus. Porém, com sua queda ela se abriu para o conhecimento do Bem e do Mal, mas ainda assim continuava com alto grau de pureza. Mas, com o tempo, nasceram-lhe filhos e estes contaminados com o Bem e o Mal, tanto que Caim mata seu próprio irmão Abel.

 

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“Tudo o que tinha fôlego de espírito de vida em suas narinas, tudo o que havia em terra seca, morreu”. Gn.7.22

 

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^[1] - Gn.1.21,22,27,28; 2.7; 46.26; Sl.52.5.

^[2] - Sl.51.5

^[3] - Aqui podemos lembrar do sangue de Abel que clamou a Deus desde o solo. Gn.4.9,10 – “A voz do sangue do teu irmão clama a mim desde a terra.” e Ap.6.10.

^[4] - Observação:  não é dito ou sequer insinuado que relação sexual é um pecado.

[5] - Gn.3.6-19

^[6] - Rm.3.23

[7] - Lc.2.7;

^[8] - Gn.3.15

^[9] - Daqui em diante vou chama-lo apenas por Óvulo para facilitar.

^[10] - Não tenho a menor pretensão de aprofundar sobre o assunto. Existem vídeos maravilhosos sobre o tema no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=_5OvgQW6FG4&list=PLd8GFoHB0_VLddpgMmUfmd6V58bJVw-9g&index=11&t=4s